quinta-feira, maio 19, 2016

Para uma Filosofia da Arte Conceptual


 Sol LeWitt, EUA, 19228/2017 "Janelas" 1980

Embora seja enganador categorizar LeWitt como restrito "puro" (por oposição a "primeiro") artista conceptual, ele não deixa de ser amplamente considerado muito influente na produção e recepção desta arte, através da publicação, no verão 1967 e em Janeiro de 1969, dos seus "Parágrafos" e"Sentenças" sobre a Arte Conceptual. Apesar destes textos serem geralmente lembrados como reivindicações programáticas,  por exemplo: " a ideia é a máquina que faz a arte "ou " as ideias sozinhas podem ser obras de arte", são também impressionantes quando revistos à luz da anterior consideração da teoria de Kant sobre a  arte como expressão de ideias estéticas. Consideremos  as seguintes generalizações empíricas que LeWitt faz sobre a nova arte, em 1967:

• Este tipo de arte não é teórica ou ilustrativa de teorias; é intuitiva, ela está envolvida com todos os tipos de processos mentais e é inútil.
• Arte Conceptual não é necessariamente lógica [...] As ideias são descobertas por intuição.
• A Arte Conceptual não tem na realidade muito a ver com a matemática, a filosofia, ou qualquer outra disciplina mental.
• A Arte Conceptual é feita para envolver a mente do espectador, ao invés da sua visão ou emoções.
• A Arte Conceptual só é boa quando a ideia é boa.
(...)
Estas preocupações são ainda mais pronunciadas nos "Sentenças sobre Arte Conceptual” publicadas um ano e meio mais tarde:

• Os artistas conceptuais são místicos ao invés de racionalistas. Saltam para conclusões que a lógica não pode alcançar.
• Os julgamentos racionais repetem julgamentos racionais. Os juízos ilógicos conduzem a novas experiências.
• As Ideias não procedem necessariamente por ordem lógica.
• Uma vez que a ideia da peça tenha sido  estabelecida na mente do artista e a sua forma final decidida, o processo é realizado de forma cega.
• O processo é mecânico e não deve ser interrompido (adulterado). Deve executar o seu curso.

• A vontade do artista é secundária em relação ao  processo que inicia desde a ideia até à  conclusão. A sua obstinação só pode ser ego."

Nota: A ordem das frases aqui reproduzida  não é a original do texto de LeWitt.

Diarmuid Costello, Kant after LeWitt: Towards an Aesthetics of Conceptual Art, in Philosophy and Conceptual Art, Claredon Press, Oxford, 2007, p.104, 105

Tradução de Helena Serrão

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